Nessa terceira parte da série sobre arquitetura limpa em Go, vamos falar sobre um tema que pode ser um verdadeiro game changer para os seus projetos: a refatoração para a Arquitetura Limpa. Quem já é dev faz tempo sabe que nem sempre começamos com a arquitetura ideal. Às vezes, herdam-se códigos que são verdadeiros labirintos. E daí entra a refatoração.
O Desafio: Entendendo o Código Existente
A refatoração começa com um entendimento profundo do que já temos. Muitas vezes, nos deparamos com códigos que cresceram de forma orgânica, sem muita atenção à arquitetura ou padrões de design. Esses códigos podem funcionar, mas a longo prazo, tornam-se difíceis de entender, testar e manter.
O Plano de Refatoração
Refatorar é mais do que codificar; é repensar e reestruturar. Para isso, é essencial ter um plano claro, que inclua:
- Análise Completa das Entidades e Casos de Uso: Essa é a fase de desmembrar o sistema em componentes menores e mais gerenciáveis. Identifique claramente quais são as entidades (modelos de dados) e os casos de uso (lógica de negócio).
- Interfaces e Abstrações Estratégicas: As interfaces em Go são muito poderosas para desacoplar e organizar o código. Elas permitem maior flexibilidade e testabilidade.
Refatoração Detalhada: Transformando o Código
- Isolamento da Lógica de Negócios: Essa etapa envolve extrair a lógica de negócios de outros aspectos, como UI ou acesso a dados. O objetivo é criar funções e métodos focados e coesos, que façam apenas uma coisa e a façam bem. Lembram dos princípios de SOLID?
- Implementação de Repositórios e Serviços: Aqui, abstraimos o acesso a dados e as operações de negócio em repositórios e serviços. Isso nos ajuda a manter nosso código modular e a simplificar os testes.
- Adotando a Injeção de Dependência: Em Go, podemos aplicar injeção de dependência de forma elegante, sem a necessidade de frameworks complexos. Isso traz flexibilidade e facilita os testes unitários.
- Testes Refinados e Abordagem TDD (Test-Driven Development): A refatoração é o momento perfeito para adotar TDD ou aprimorar nossos testes. Escrever testes antes do código nos ajuda a manter o foco na funcionalidade e na qualidade.
Vamos detalhar mais nosso exemplo anterior:
Antes da Refatoração:
// GetUser busca um usuário diretamente do banco de dados func GetUser(id int) (*User, error) { // Implementação direta de acesso ao banco }
Depois da Refatoração:
// UserRepository define a interface para operações de usuário type UserRepository interface { GetUser(id int) (*User, error) } // UserManager gerencia operações relacionadas aos usuários type UserManager struct { repo UserRepository } // NewUserManager cria uma instância de UserManager func NewUserManager(repo UserRepository) *UserManager { return &UserManager{repo: repo} } // GetUser encapsula a lógica de obter um usuário func (m *UserManager) GetUser(id int) (*User, error) { return m.repo.GetUser(id) }
Neste exemplo, demonstramos como a lógica de negócios é claramente desacoplada dos detalhes de implementação. Isso não só melhora a testabilidade, mas também torna o código mais legível e fácil de manter.
Conclusão
Ao final deste processo, o que temos é um código que não apenas funciona de forma eficiente, mas é clean e prazeroso de trabalhar. A refatoração para a Arquitetura Limpa pode ser desafiadora, mas valerá a pena.
No próximo post da série vamos falar sobre padrões de projeto em uma arquitetura limpa. Stay tuned.
Let’s code!
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